segunda-feira, outubro 22, 2007

Cumplicidade...

Senta-te e escuta...
O silêncio que o mundo inteiro fez...
o silêncio dos amores que não se dizem,
das mulheres que choram,
da chuva que não há...
Ouve a ausência da tristeza que me tiraste...
Sente a vida e a felicidade que me deste...
Sente o amor que nos consome...
Passa os dedos e sente a tinta
das palavras que nos descrevem...
Contigo o sentir é para além de tudo o que eu sabia...
As carícias trocadas são mundos...vidas...
Amar uma descoberta,
amar livremente...
Amar-te assim para sempre...

Marília Rodrigues 15.10.2007

quinta-feira, setembro 20, 2007

Caminhando...

Como se a vida voasse
e o tempo nos amparasse...ensinasse...
Tudo num passo de cada vez...
tudo dividido em hoje, amanhã e depois...
e tudo se encaixa...
Completas, ocupas o vazio
que deixou de existir...
Todos os dias acredito,
todos os dias estás...
O meu jardim em tempo de chuva

floriu por completo...
Cuido e sou cuidada...

E nas tuas mãos carregas o meu coração,
com toda a meiguice, alimentas-o...
dás-me animo, força e confiança

para seguir em frente...
E tu menino homem,
amas com toda a sinceridade,
sem medo entregas-me o teu coração...
conforto-te e dedico-te tudo de mais puro que existe em mim...
E somos sempre um...

Marília Rodrigues 19.09.2007

quarta-feira, agosto 29, 2007

MetamorfoseII


A vontade de chorar é tanta...
mas as lágrimas estagnaram,
num tempo que nem eu bem sei...
Parece-me tudo,
há tanto, tanto tempo...
Não sei bem do que sinto falta,
do que quero...
porque o que quis...nunca tive...
porque o que tentei conquistar,
morreu em várias praias...
E todos os caminhos foram penosos,
e hoje não sei se valeu a pena.
E a derrota...
o não acreditar, seja em quem for
é o que me move...
um coração de pedra!

Marília Rodrigues 11.08.2007

Metamorfose I

Quero desfolhar a minha vida para trás...
rasgar palavras que caíram no esquecimento,
memórias que não fazem
o mínimo sentido serem lembradas,
por se tornarem tão tristes.
Já me percebo, daí entendo
algumas das tuas escolhas,
eu não quero amar apenas um dia...
quero todos os dias,
e tu não os tens para me dar.
O tempo não parou em mim,
nem na minha cabeça,
mas eu não consigo sair
deste amor só...
desta angustia incolor,
que me transforma, modifica
para algo que não sei ser...
para alguém que não reconheço
como eu.

Marília Rodrigues 06.08.2007

quinta-feira, agosto 02, 2007

Um pouco de...


Um pouco de ternura...
talvez...se valesse a pena.
Não tenho o que dar,
nem a quem.
Não choro.
Já não te oiço chamar-me
dentro de mim, há tanto tempo...
Uma espécie de embriaguez
misturada com...solidão, saudades?..
provavelmente não.
Já não sei quem sou,
muito menos quem fui.
Procuro dentro de mim
a minha adolescente,
e vejo-a encolhida por vezes,
outras, nem a vejo.
Tudo se dilui,
e eu sinto que me perco,
todos os dias mais um pouco.
e a palavra crescer
atormenta-me, destrói-me...
Um pouco de vida...valia a pena...

Marília Rodrigues 03.08.2007

sexta-feira, julho 13, 2007

Cada vez mais longe

E quando a noite arrefece,
tudo em mim aparece...
e relembro os choros silenciosos,
os gritos abafados...

Como detesto sentir-me
derrotada,
pelos meus próprios sentimentos
e razões...
não escondo...mas também,
não quero ter que dizer...
deixo apenas transparecer,
o mundo que enlouquece em mim.

...mais uma pedra no muro
que se ergue entre nós...

Marília Rodrigues 13.07.2007


quinta-feira, junho 21, 2007

Eu, ainda menina...


Como se o caminho cansasse...
Como se me perde-se...
Como tudo o que já foi...ficou,
em prateleiras a que eu não chego...
e sinto-me tão pequena...

Guarda-me num bolso,
leva-me contigo onde eu ainda não fui...
onde tu ainda não me deixas-te entrar...
que mais há para eu encontrar?

Dá-me as tuas mãos,
tenho vontade de chorar...
queria um abraço...
um espaço, onde já não perde-se o norte...
onde tudo fosse tão simples,
como as flores,
os sorrisos,
as lágrimas...
Mas convenço-me que nada é simples,
porque o ser humano faz-se todos os dias complicado...
...e racionalizamos todos demais...
coisas de menos...

Olha nos meus olhos anjinho...
tu que me viste sempre como eu sou...
brinca comigo...
hoje...
e todos os "hojes" e amanhãs que complicarmos os dois...

Marília Rodrigues 21.06.2007

quarta-feira, junho 13, 2007

Mais um ano...

A rosa que me ofereces-te...
O tempo que passou...em mim...
A tua presença e companhia que foi a melhor prenda...
*Sweet Angel* you make me very happy...=)

quarta-feira, maio 30, 2007

Acreditar



Onde caímos os dois...

mantos de flores e palavras doces...
Dias cinzentos que nos envolvem
em distancias que não queremos saber,

mas a saudade acaba por se fazer sentir...
E meu coração aperta...sofre...

As palavras salvam-nos de muito,
mas o chão que solidificamos com

amor, respeito e confiança,
é tudo o que nos faz saber...
que vale a pena...

Marília Rodrigues 30.05.2007


domingo, maio 27, 2007

Anjinho...


Olha tudo e vê
o que já construis-te em mim...
menino és também,
vejo-te pequenino e inseguro,
compreendo-te bem.
Mas sente as minhas palavras
como aconchegos na tua alma.
Abraço-te menino anjo,
e não vou partir...

Marília Rodrigues 27.05.2007

Aquele lugar...

Estou sentada naquele banco...
Onde me perdi no teu abraço...
Onde sinto a tua presença...
O teu olhar doce, meigo...protege-me...
Aqui sinto-nos aos dois...tão perto...
Cada palavra que dizias eu absorvia
com tanta ou mais sede
que quando te conheci...
Os teus beijos tão intensos e profundos...
verdadeiros...
como outrora não senti...
Hoje estou mais calma,
apesar do teu fogo
se alastrar em mim...
Aqui, naquele dia, solidificas-te
todas as minhas certezas,
apesar do medo constante
em perder-te...
e apeteceu-me tanto dizer-te...que te amo...
mas eu não posso...
porque ainda estou a descobrir...
Este lugar, será sempre nosso,
e voltaremos aqui muitas vezes...
Tu és único...e nunca ninguém me tocou assim...
Dou-te a mão hoje e sempre, segura do que sinto e quero...

Marília Rodrigues 15.04.2007

terça-feira, maio 15, 2007

Estendo-te as mãos...


Nas palavras que ninguém disse...
descansamos as razões...
pensamos em soluções...
sofremos...
recomeçamos energicamente
falando e gesticulando,
calando.
Concedendo ao silencio...
os nossos segredos..
as nossas angustias..
o nosso amor fervente...e sôfrego..
olhares que se trocavam como achas,
que queimavam ambos os corações..
queríamos poder...mas não podemos...
mas eu espero por ti, disse...
não esperes, disseste...lamentando...
porque querias no futuro me poder dar...
mas sabes que não podes, disseste...
porque eu não estou lá...
porque queres que eu não esteja,
por mais que me ames e me queiras,
não me queres magoar mais...
fazer-me sofrer mais...
tens sempre medo que eu não aguente...
tens medo de ti...
mas eu espero...eu tento...e volto a tentar...
porque acredito em ti...
precisas que eu acredite em ti...
mais ninguém irá acreditar...já ninguém acredita...
somente eu...por isso vieste...
e eu cá estive...
como sempre estarei...

Marília Rodrigues 14.05.2007

terça-feira, abril 17, 2007

Não demores...

Não me tapes a boca,
com as palavras que senti abraços,
palavras que agora me amordaçam
e me fazem ter medo de dizer,
o que sinto,
de partilhar o que sou...
Não deixes o medo de magoa e sofrimento
fazerem-te parar de viver...
Cautela é sempre bom ter,
em demasia...estagna-te...

num espaço escuro...
em que luzes de vida e fogo
se acendem há tua volta e tu não tocas,
não sentes, não arriscas,
com medo de perder.
Dói perder...
Dói sofrer...
Sabemos que dói seja de que maneira for...
Mas saberás que dói mais não viver?
Eu espero-te,
aqui onde te encontrei...
mas não demores...
pois sei que se assim for,
eu tentarei buscar-te...
Mas prefiro, quero, que venhas
sozinho,
pois assim saberei que tens certezas
nos teus passos...

Marília Rodrigues 17.04.2007

sábado, abril 07, 2007

Eu, carcereira vítima...

Caminho...
como se a morte me chama-se...
Caminho...
para o sono e o cansaço,
de uma vida tão curta
como se o amanhã
fosse sempre o último suspiro.
Sento-me,
e ao meu redor,
rodeiam-me memórias e fantasmas,
que me trouxeram pela mão,
que me empurraram para esta prisão,
em que a carcereira sou eu
e tudo o que trago dentro de mim.
Os meu crimes , as minhas culpas,
são onde também sou vítima...
são onde também sou inocente...
mas aprisiono-me como castigo,
inconscientemente,
pois na verdade, não tenho solução...
a prisão é cómoda,
e tenho medo de sair daqui
porque lá fora o mundo é pai,
mas castiga-me de igual forma.

Marília Rodrigues 06.04.2007

sexta-feira, março 30, 2007

Outrora flores...hoje cinzas...

E os vazios enchem-se de horrores...
Angustias fantasmagóricas que se unem,
a mim...
Caminhos inalcançáveis de luz quente...
e o frio embriaga-me a não viver...
a desistir...de saber novamente que realidade
é a minha...
perdi a noção do certo...e errado...
em mim, já não há norte e sul....
e tudo o que vejo são campos
em que outrora plantei flores,
hoje estão queimados...
cinzas foi o que restou...
de um fogo posto, que durou um ano...
alastrou-se...e o meu mundo ruiu-me aos pés.
Sem saber o que fazer....limitei-me a olhar a destruição...
que ainda hoje olho...e choro...
aperto o meu coração...para não me fugir....
Lamentos de dor infinitas...
Do que vale tudo o que fiz...se agora nada tenho?
E a reconstrução...é o próximo passo...
mas já não tenho força para erguer novos alicerces...
Deixo-me ficar...esperando que alguém o faça por mim...
Esperando...que alguém me salve deste horror...
em que vivo...
Mas sabendo...perfeitamente que ninguém virá...
Fecho os altos portões...
Fecho-me em mim...
e vivo assim...acarinhando as recordações...
sozinha...
onde as lágrimas me aconchegam o sono...
e deixo-me dormir...sempre...na esperança de dormir eternamente...

Marília Rodrigues 30.03.2007

sábado, março 17, 2007

Parabêns =) ...

Foto tirada no ano novo...há uns mesitos já...
saudades...de voçeses...muitas muitas...='(
humm...que posso eu dizer mais...que gostava de estar contigo...mas não posso mais uma vez =(
relembrar o que escrevi há um ano atrás, depois de deixar tantas pessoas...voçés..
como o tempo passa...sinto-me velha e ainda nem os 18 fiz...mas também falta pouco :/
bom deixando-me de lamexisses =P...
e passando a mais lamexisses...=X

Irmão e amigo, para sempre!

Ao som das tuas criações escrevo…
Algo que te quero dizer…
És e serás o melhor amigo que posso ter…

Hoje e sempre queria-te comigo
como na nossa infância…
Mas o passar do tempo fala mais alto
e as nossas vidas deixaram de ter
um caminho paralelo…
Mas o passar do tempo
não levou o sentimento…
sempre tentas-te e por vezes conseguiste
ajudar-me…
sempre quiseste e continuas a querer
o melhor para mim…
Por vezes as escolhas que faço
podem-te parecer as mais estúpidas,
mas sabes sempre as minhas razões,
mesmo que para ti, não sejam validas…
mas compreendes-me, e apoias-me
sejam quais for as escolhas que faça…

Sinto tanto a tua falta…

As nossas vidas deram voltas incríveis,
Jamais pensei enquanto menina,
que me separaria tanto de vocês os dois…
sempre foram a minha base…

Queria vos tanto aqui…

Os meus olhos lacrimejam…
é a saudade…da tua presença…
saudade de tempos idos que jamais voltaram…
a não ser em nossa memoria…

Hoje mais do que nunca queria-te comigo…
já passou mais um ano…
e o tempo que passa a voar…

Estarei sempre aqui…sabes disso…

Devil_Girrl 17.03.2006

E prontos este ano...foi isto que eu não tive inspiração para mais =X sorry...
mas tu gostas na mesma...e acredito que até fiques com a lagriminha no olho =P hihi
Beijos grandes e que tenhas um dia lindo =)
gosto-te muito mano...=)

segunda-feira, março 05, 2007

Angustias enclausuradas...

Onde em mim há verdades
em que eu própria me cego...
Onde em mim as ilusões
ditam realidades, verdades,
em que eu não quero acreditar...
e uma mão esfrega-me a cara
nessas palavras poeirentas
e cheias de crueldade,
em livros que eu própria escrevi,
e não sabia...ler nas entrelinhas...
vasculhar o passado
e deitar tudo cá para fora
e na verdade é tudo, são todos,
uma grande mentira...
Mas porquê? porquê? não quero acreditar...
mas é assim mesmo...

e eu escondo-me para não pensar...
durmo para me esquecer...
fumo para me acalmar....
acordo...
e em cheio me acertam os
pensamentos dolorosos,
que me fazem chorar....
chorar e gritar
chorar e gritar...
onde ninguém consegue ver,
sentir, ouvir...
onde ninguém se apercebe
da amargura que escondo,
e entrelaço nos nós dos dedos,
debaixo da língua,
dentro da cabeça,
querendo escorrer pelos olhos
uma magoa infinita
de mil feridas sem sarar...
de uma doença sem cura...
de uma maldição sem retorno...

Acorda! já é tarde...
...
O que estás aí a fazer, especada a olhar para a janela?
...
Vai dormir...amanhã tens de te levantar cedo...
...
Passo a passo...tudo se desmorona
em quanto penso, escrevo, durmo...
e passam breves segundos de paz
em que consegui não pensar...
em nada...
em ninguém...

Marília Rodrigues 04.03.2007

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Ruínas



Dias inteiros por percorrer,
tanto para cantar, dançar, rir,
chorar, dizer, fazer,
crescer...
Entro em tempos de mim
que me quero esquecer.
E as oportunidades que teimam
em fugir...
ou simplesmente ainda não tenho
força para as agarrar.
Deixei amor consumir-me...
deixei tanto de mim
para amanhã...

Muralhas que ergui,
que sinto destruídas...
submersas em poeira e destroços
de mim,
num passado que não esqueci.
num passado que me atormenta
e não me deixa viver.
Muralhas que construo-o...
que não partem de mim.
E fecho-me num mundo só meu
em que ninguém quer entrar...
em que não deixo ninguém entrar.

E a derrota é tudo o que
consigo sentir...
e nos recantos mais escondidos,
a revolta, a tristeza, a esperança...
Perdi-te...
Perdi-te...perdi-me também...
e o que me resta são memórias
e um sentimento que sinto ridículo.

Marília Rodrigues 16.02.2007

domingo, fevereiro 11, 2007

Não pensar...Anestesia...

Sinto-me a flutuar..
em bolas de sabão...
Anestesiada por uma musica
desconhecida ao ouvido...
Embriagada de vontades, seres e estares...
Queria-te aqui agora...
Deixo-me ir...
ao sabor das melodias...
ao sabor de palavras cantadas...
Deixo de ser, para mim.
Sou algo que não sei explicar.
E uma espessa nuvem de medos
teima em me atormentar,
nesta hora tão descontraída...
neste momento tão alto...
em que me consigo sentir bem,
comigo mesma,
com o mundo,
com as pessoas...
Sinto-me drogada,
por paixão,
por pensamentos que me saltam
da cabeça e vão para um
espaço infinito de milhões de coisas
que sou eu, dentro do meu mundo.
Consigo hoje, agora, neste preciso momento,
sentir-me bem, sozinha.
Talvez porque te sinta aqui...

Marília Rodrigues 11.02.2007


sábado, janeiro 27, 2007

Saudades de ti aqui...

Uma lágrima...
o começo de muitas lágrimas...
Uma luta...
e tudo o que eu sou, chora...
a saudade mata,
contorce-se por dentro do meu coração...
e tudo o que eu sou,
já é carne viva...
Uma ferida...
que se alastrou pelo meu mundo inteiro
e o devastou....

é assim por vezes o amor?
como é a felicidade de o sentir?

E onde é que tu estás?
Procurei-te nos lugares de sempre,
senti por vezes o aroma do teu perfume,
uma prova de como lá estiveste...
mas já não estás...
E o meu mundo vai ruindo...
E cada sussurro que oiço,
cada pingo de chuva,
cada pássaro,
têm uma marca tua...

Estás demasiado vivo em mim...
este amor consome-me e consome-me....

Encolho-me deitada,
em cima de um banco de pedra fria...
a chuva encharca-me...
lava-me a alma,
(acalma-me...)
leva as minhas lágrimas,
mas não me leva o sofrimento,
não me leva a saudade,
não me leva a mim.

Vou sozinha...por mais um caminho incerto...
um caminho que nada sei...
mas tenho duas certezas,
o amor e o sofrimento
que levo na minha bagagem...

O que me espera?....

Marília Rodrigues 20.01.2007


domingo, janeiro 21, 2007

Onde estiveste?
Onde estiveste este tempo todo?
Onde tens estado?

Procuro-me

Bato em paredes ocas...
falo, grito através de palavras mudas...
e o mundo é surdo demais para me ouvir...

Os dias que percorro são a fotocopia,
sem tirar nem pôr , um dos outros...
mas porquê?

Porque me sinto tão abatida...já?
Porque me sinto tão rejeitada?
excluída...
excluo-me talvez...

já não tenho vontade para ir
já não tenho força para lutar

Bato em paredes que se desfazem...
que deixam fumo...
e para lá está a minha passagem...
mas eu continuo sem saber se quero ir...

não te vejo...
as minhas palavras já não
chegam até ai...

e eu onde estou?
e eu quem sou?
cobarde...refugio-me na minha gruta...
onde apenas sonho e nada vivo.

Marília Rodrigues 15.01.2007




quarta-feira, dezembro 27, 2006

Memórias de descobertas...

Passava os dedos pelo livro...
sentia as palavras...elas desenhavam-se em mim...

e as imagens que eu via...
que eu vi...
era a minha vida aqui...
Não eram sonhos...mas eram...

Não era imaginação...mas era...
Era tudo o que eu sabia,
tudo o que eu conhecia,
ou não...

Era tudo o que eu quis que por um dia,
uma hora, uns breves segundos fosse verdade,
eterna verdade, guardada em nós....

Eu comecei por olhar-me no espelho
de uma casa
velha....
Vi um dia nesse instante...
Vi muitos dias, em todos os instantes seguintes...
E em todos eles...eu sentia a tua falta...
Os meus olhos poderiam olhar pessoas,
poderia falar com elas,

poderia estar a lavar a loiça,
a estender a roupa,

ou simplesmente a embalar uma das minhas irmãs...
mas, no meu olhar, eu vi, nesses instantes em que vi muitos dias,

vi, que me faltavas tu...

Os dias eram semelhantes...
Tudo o que se passava, eu tinha feito ontem,
mas talvez numa hora, num minuto ou segundo diferente....
E eu morria...
Quando os meus irmãos já deitados dormiam,
e a minha mãe grávida, ainda acordada em frente do computador teclava,
eu deitava-me na minha cama, e escrevia, escrevia...
E pensava em ti....
Eu não sabia que era assim....
Eu na verdade nunca soube como era vir...para aqui...
Hoje, depois das maiores amarguras (talvez),
Agora depois de tudo o que já não lembro (ou não quero lembrar)...
hoje e agora, sei como é deixar, como é viver sem....
sei como foi vir, como é vir, como é viver, ser
aqui....
aqui....bem longe de ti....
aqui...bem longe dos sonhos que imaginei há um ano atrás...
aqui...que não é o meu lugar...
mas é....

Marília Rodrigues 27.12.2006